quinta-feira, 23 de março de 2017

Funchal - ilha da Madeira


2017 - resolvi fugir do verão bafo santista e ir ate a ilha da Madeira, onde haveria um Festival Literário com a presença, entre outros, do Valter Hugo Mãe, Ondjaki e Pepetela - todos angolanos.
A ilha da Madeira é conhecida tambem como Ilha das Flores e Pérola do Atlântico.
E lá as flores tem aroma inebriante. (Não ria, pois no Tahiti as flores não têm cheiro)
Na ilha estão várias cidades, a capital, Funchal e as outras conhecidas como zona rural: Câmara dos Lobos, São Vicente, Ribeira Brava e outras mais.

A chegada foi surreal - três tentativas de pouso, após uma espera de 7 horas em Lisboa - recebi uma vale refeição de 10 euros, o que não me permitia um suchi, mas tomei um café com doces portugueses. Tive sorte, um outro casal de brasileiros passou 2 dias em Lisboa, dormindo em hotel do aeroporto, até liberarem os vôos. Bem, no nosso caso, um dos passageiros passou mal, tirou o cinto apesar dos gritos (isso mesmo, gritos) do comissário de bordo, estatelou-se no chão e foi a correria das aeromoças para acudir o sujeito, reanimá-lo, e no pouso que se seguiu à terceira tentativa, desceram o rapaz pela escada traseira, a ambulância a postos aguardando, uma emoção só. Eu não experimentava uma sensação assim desde a última montanha russa...espera aí, eu nunca passei das rodas gigantes, então foi, sim, a minha primeira montanha russa aérea.
Escolhi um hotel bem pertinho do
Teatro Municipal Baltazar, a duas quadras do ponto dos ônibus e dos barcos de passeio.
Ao lado do teatro há dois locias maravilhosos para comer:
O café do próprio teatro, com preços módicos, ambientação cultural - uma das paredes é uma estante de livros e ótimo lugar para tomar seu galão (café com leite) e um sanduíche no bolo da caco (um pão redondo servido com manteiga de alho) ou bolinhos de arroz (é um doce). A sopa do dia é gostosa e mais barata que em outros lugares. A vista é para o Jardim Municipal, ou seja, você se alimenta olhando as arvores e as flores.

Voltando ao hotel, o San Francisco Accomodation oferece aos hóspedes um bolo de mel (na realidade é feitdo de cana de açúcar) e um litro de vinho Madeira, de cortesia.
San Francisco Accomodation   é na realidade uma pousada. No quarto há uma chaleira elétrica, pacotinhos de café, açúcar, cappuccino e bolachinhas salgadas. Em alguns dias deixaram também alguns bombons. Não há salão de refeições nem dependências comuns. O serviço é ótimo - quarto ultra limpo, amplo, confortável, muito bem localiado, porém sem vista para nenhum lugar especial. Só para dormir, mesmo. E poupar o bolso...
Começando pela cidade velha, que não mais do que uns 500 anos, encontramos a Fortaleza de São Tiago, umas ruínas do antigo forte, de onde se t6em bela vista do mar, sem mais nada de especial





A construção da fortaleza foi concluída por volta de 1637 e fechava a nascente das muralhas da cidade. Todas as peças de artilharia se perderam e um dos pisos originais foi destruído. aparentemente os corsários franceses é que atacavam as ilhas.
No entanto foram os ingleses que se apoderaram das ilhas e aí ficaram por 7 anos, no século XIX.
As ilhas, porque na realidade há várias ilhas menores, que hoje são intocáveis santuários para gaivotas, focas e leões marinhos, e uma outra ilha chamada Porto Santo, a uma hora e meia de barco, com belas praias e não visível de Funchal.



Há um espaço cultural pequeno para exposições de arte e um restaurante à entrada da fortaleza. E uma área que não se pode visitar - parece-me que estão a cogitar de instalar aí um museu arqueológico.
A entrada custou 3 euros.

                                              


Há vários instrumentos típicos na ilha, eu escolhi essas castanholas para dar de presente ao meu netinho, que vai amar, e minha filha, claro, vai odiar.

Espada com molho de maracujá e legumes, comi no Restaurante o Visconde, na rua das Murtas.
Onde também servem uma papa de milho frito que parece um pudim e é apreciado pelos locais.
No restaurante Café do Teleférico comi o espada com banana acompanhado de milho frito, esse é bem gostoso.
Em muitos locais você pode comer os dois: espada com banana e molho de maracujá. Maravilha!


O peixe espada preto é o prato da Madeira, pescado principalmente em Câmara dos Lobos - no caso, trata-se de lobos marinhos, e câmara siginifica reuniào no português de Portugal - portanto, nesse local havia uma colônia de leões ou lobos marinhos, daí o nome da cidade.

Eu me preparando para ir ao Teatro Baltazar ver meus amados escritores.
O teatro é pequeno, charmoso, aconchegante. Há uma visita guiada em um dia da semana, precisa agendar, caso o turista queira conhecer sem ir assistir a alguma apresentação normal.
Pena que eles falaram muito, mas muito mesmo, de política. O engraçado foi a conversa entre os angolanos usando tantos termos diferentes, como espigar, que a toda hora o mediaor perguntava "o que é isso?" e lá vinha a resposta "espigar é fazer pouco, deixao o outro no ridículo". A certa altura, o Pepetela desbofou: "para que o tal acordo ortográfico, afinal, se nós aqui estamos a nos desentender há mais de meia hora?"
Já o Valter Hugo Mão é uma gracinha, meigo e humanitário, todo inclusivo, dizendo que temos de nos unir e resolver os problemas todos a humanidade juntos, pois somos todos uma mesma família.
A russa que ganhou o nobel não veio, por causa dos ventos, no quarto avião que retornou a Lisboa ela desistiu e enviou uma nota simpátíca dizendo "algum dia retornarei, quando os ventos permitirem"



Aqui estou eu, fazendo self no Jardim Municipal. onde eu obrigatoriamente passava para ir e vir. Em uma das tardes, encontrei uma feirinha de artesanato por lá.


Ao lado do teatro está o Restaurante Ritz, e esses são alguns dos azulejos exibidos na fachada com temas regionais da Madeira. Na frente do Ritz há sempre um músico tocando também música brasileira da boa, de Ernesto Nazaré, Tom Jobim, bossa nova e outras consagradas. A comida é mais cara porém as porções são maiores. Tem uma confeitaria nota dez, mas vá olhar porque os doces não constam do cardápio do restaurante.



Aqui estão retratados so carrinhos do monte, que você se quiser pode experimentar no alto do teleférico, mas preste atenção - eles só descem! Ladeira acima, para voltar, é a pé...e longe.



 Claro que eu não poderia deixar de fotografar as lagartixas, tão madeireneses, que me lembraram os lizzards australianos. Um detalhe: elas mudam de dor ao andara no sol, passam de verde a amarel tigrado, bem surreal. Difíceis de fotografar, você percebe a presença dela pelo farfalhar das folhas, são bem barulhentas, as danadinhas, e aparecem na hora do sol forte.





Na cidade veha, há o Mercado dos Lavradores, municipal, onde se encontra de tudo, de peixes a flores, passando por chocolates e biscoitos caseiros, artesanatos, roupas...

Esses são so azulejos, alguns, do Mercado.

Comprei frutas no mercado e iogurtes para tomar pela manhã: aí estão as anonas - são as nossas ateiras ou frutas do conde - um tipo de maracujá vermelho muito saboroso e uma fruta chamada banana abacaxi, muito saborosa, a gente descasca (está madura quando a casca cai como pedacinhos iguais a esses aí no pratinho) e se come como milho no sabugo.




Aqui estão duas cenas fotografacas no pequeno museu Madeira Story Center, situado na cidade velha. É interessante, pequeno, cheio de informações preciosas, porém muito, muito escuro. Será que deixam escuro para que não se fotografe? Realmente senti-me penumbrista... Colocarei a história da madeira em outra postagem.


Essa é uma rotatória bonita em Funchal.



Esse monumento representa Afonso Henriques, na entrada do Parque Santa Catarina, local muito simpático, farei uma postagem à parte sobre ele.







Cisne e estrelícia, a flor que representa a ilha perfumada de madeira, no Parque Santa Catarina.




                                                

Estátua do descobridor da ilha, João Gonçalves Zarco.
Centro de Funchal.


Centro de Funchal - ávores. Adoro árvores.





Outro passeio interessante - ao Monte Palace, pelo teleférico, colocare em outra postagem.
      As Levadas são passeios pela borda dos aquedutos que levam água do alto para as cidades. Há muitas para escolher, desde o Pico mais alto, os lagos, os vales e sítios variados, porém, se acautele: no alto da ilha tudo pode acontecer, inclusive neve (15 dias antes de minha chegada), chuva, ventos fortes e mudança de teperatura abrupta. Saí de Funchal com 30 graus e sol, cheguei com 8 graus, chuva e fortes ventos. Resultado - todos os passeios cancelados exceto o Rebuçal, o trajeto pelo vale passando por 25 fontes e pela cachoeira do Risco.
      Em minha opinião, só gente preparada e em boa forme deve fazer esse caminho. Um bebê de colo chorou por muito tempo - também eu choraria a 8 graus exposto a chuva e vento - e soube de uma senhora de 80 anos que caiu e ficou esperando por socorro por quase uma hora, já que o único caminho é por terra - no caso de chuva, lama mesmo. O caminho é estreito, por pedras escorregadias na chuva, uma faixa ocasional de terra ou lama, e o guia nos aconselha a nos jogarmos dentro das levadas de perdermos o equilíbrio. A 8 graus, jogar-se dentro da água? Cruel. Não há guarda corpo, embora o caminho beire o precipício - há umas madeirinhas flexíveis que você pode usar como orientação de caminho, mas não para se apoiar, e entre elas há uma enorme espaço livre por onde a pessoa que escorregar via cair direto lá para baixo. Achei bem puxado, e sou caminhante contumaz.


 Passeio pela orla da praia - Promenade - com vista do Cabo Girão. Ao longo do caminho há piscinas naturais, rochedos, plantas nativas, flores e muita ladeira para subir, descer, subir, descer e deixar os meus pezinhos ciganos felizes.

                  O cabo Girão pode ser visto de um mirante em terra - de perfil - e as pessoas gostam do mirante porque ele tem um chão de vidro e é uma sensação olhar a prainha lá embaixo, prainha estreita de pedras escuras. Eu gostei mais da vista pelo mar, ao largo da costa. Há muitas companhias que fazem passeios pelo mar, eu escolhi a Santa Maria de Colombo, porque a nau é uma réplica de caravela e o turista viaja no tempo. Os marinheiros estão descalços, usam roupas largas em estilo antigo, um deles tem um cachorro, outro uma arara, sobem no velame, entram no cesto da gávea, desfraldam as velas, tocam o sino do convés, no meio do percurso nos servem bolo de mel com vinho Madeira, e explicam sobre o percurso. Ao passar pelo cabo Girão, o mar se agita, a caravela balanca muito, muito, e um bando de golfinhos resolveu brincar ao nosso redor, uns 30 golfinhos, incluindo em filhotinho com a mãe. Dizem ser também possível avistar tartarugas e baleias. O Cabo Girão é espetacular visto do mar.


              Um simpático café  - Sical - disponível no serviço de quarto do
  hotel San Francisco Accomodation
trazia em sua embalagem provérbios populares portugueses.


Bem, aqui estou a caminho do aeroporto...para o Porto, desta vez. Ao sabor dos ventos.



2 comentários:

Unknown disse...

Maravilha maravilhosa!

Luciana Almeida disse...

Bem legal as informações, quando eu for a ilha da Madeira vou consultar o blog, beijos Sonia.