Grutas mineiras - 1992




Esta viagem só aconteceu porque eu errei o caminho.
Nós íamos passar uns dias em Termópolis, um hotel fazenda perto de Bebedouro, mas a bifurcação da estrada nunca que chegava, e, quando me dei conta, já estávamos em Minas Gerais, aí eu resolvi esticar até Sete Lagoas, uma cidade mineira bem legal pra trilhas e caminhadas, e, na volta, passeamos no zoológico de BH e circulamos pelas grutas ao redor.


No zoo aconteceu uma coisa engraçada. Minha mãe perguntou baixinho em meu ouvido  em que língua estavam conversando dois rapazes ao lado, e eu:
Como assim? Em português.
Ela insistiu:
Não é não.
E eu:
Claro que é em português! Pois se eu estou entendendo...
E ela:
Mas eu não estou!
Aí me toquei, prestei atenção e vi que eram franceses, mas como o francês é minha língua do coração...
Vi também no zoo uma cena que observei por longos minutos, com o interesse de um biólogo: um macaquinho pegou um passarinho morto e ficou girando o bichinho nas mãos por longo tempo, e depois, foi desmembrando, pedacinho por pedacinho, olhando, curioso, como se estivesse a se perguntar: o que é isto, e cheirava, analisva, pesava nas mãos, olhava contra a luz...como um verdadeiro cientista...


Bem, a primeira gruta que visitamos em nosso circuito foi a do Rei do Mato.

Diz a lenda que um homem louro, fugitivo, se escondeu na gruta e ficou morando por ali. Ficou conhecido como Rei do Mato e daí veio o nome da gruta, que só foi aberta para visitantes muito mais tarde, depois que os técnicos do governo colocaram passarelas, escadas de concreto e iluminação lá dentro.
Esta gruta fica perto de Belo Horizonte e é diferente das outras por ser muito grande messsssmo, com abismos profundos, salões imensos. Não seria possível percorrê-la sem as pontes em alguns locais, e as grades de proteção são realmente necessárias. Imagine que um de seus salões tem vinte metros de altura! E há um abismo sobre um lago subterrâneo! Seus belos cristais de calcita chegam a ter trinta centímetros de diâmetro.





O conjunto de formações dentro de uma caverna recebe o nome de Espeleotemas. Neste salão encontramos diversas formações, dentre elas uma estalagmite, (cresce de baixo para cima) denominada "Torre de Pisa"e varias estalactites, (crescem de cima para baixo). Do encontro dessas duas formações resultam as colunas.


Esta formação e causada pela calcita e água que escorre do teto. A calcita é o componente do calcário – basicamente o carbonato de cálcio.



  
Lago suspenso ou lago dos desejos, que enche em período de chuvas abundantes e onde os visitantes costumam jogar moedas, de costa, e fazerem pedidos.

COLUNAS GEMEAS



Neste salão encontram-se formações raríssimas, como as duas colunas de 13 a 15 metros de altura e 30 cm de diâmetro. Essas mesmas formações só são encontradas na Espanha, na Gruta de Altamira.


PINTURA RUPESTRE


No interior da grutinha encontram-se pinturas rupestres que datam de 4.000 a 6.000 anos, feitas de sangue animal e gordura vegetal.


Visitamos também Lapinha e Maquiné, outras grutas que também ficam em Minas Gerais.
Uma visita à Lapinha é também um passeio pela história de um dinamarquês que é conhecido como o pai da paleontologia no Brasil:Peter Wilhelm Lund (1801-1880). Dentro da gruta não foram encontrados fósseis mas na sua área de abrangência foi descoberto o primeiro fóssil humano que viveu na região há 12 mil anos

Maquiné

Tivemos sorte de visitar Maquiné sem guia e sem a presença de outras pessoas porque pudemos experimentar sentar em silêncio por alguns minutos debaixo da terra. Que sensação! Ouvi meu próprio coração, o ar entrando em meus pulmões. O silêncio chegava a doer em minhas orelhas. Nem um bebezinho na barriga da mãe se sente assim, pois o bebezinho ouve o coração da mãe e a gente debaixo da terra não ouve é nada. Para não sentir a solidão abri os olhos e olhei para a minha família, sentindo-me segura e protegida ali dentro.
Ah, que aventura! Foi muito bom!


            

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