terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Camboja - Angkor Wat e Siem Riep

Fiz essa viagem em 2011.
Passamos umas 3 semanas lendo sobre Angkor, pegando livros e mais livros na biblioteca até ficarmos especialistas em histórias hindus, império khmer e danças asiáticas. Foi ótimo, pois lá está cheio de guias  "quengos" do tipo que empata um grupo de turistas falando coisas como "aqui vocês podem ver peixes, nadando no oceano"... ai, meu Deus! Fica o conselho, se precisar de guia, contrate em uma agência de turismo antes, nunca pegue um menino no local, ok?
E cuidado com os vendedores de incenso, em cada degrau tem um, convencendo o turista que ele tem a obrigação, tem de rezar a Buda ali, comprando o incenso dele... Há muita pobreza por ali, ao redor dos templos tem várias barracas de pessoas vendendo e praticamente tudo, de postais e roupas típicas - bem mais barato e da mesma qualidade que no mercado da cidade. As moças são risonhas, ficam todas felizes quando vendem alguma coisa, dá dó, fiquei com vontade de comprar tudo para ajudar porque a pobreza é grande mesmo. 
Trouxe a lembrança de um povo pobre, risonho e amável.


Sobre dinheiro: troque já no aeroporto uma razoável quantidade de dinheiro local.
OS asiáticos detestam cartões de crédito, nem desconfiam o que seja um caixa automático e não aceitam euros nem dólares. Nós não costumamos trocar dinheiro em aeroporto porque as taxas costumam ser mais altas, porém em Siem Riep não tem outra opção - é só no aeroporto que existe câmbio, então, perdemos tempo em retornar para trocar dinheiro.

É recomendável três dias para apreciar com calma o complexo inteiro, são mais de 30 kilômetros de construções imensas, templos, pátios e palácios. Fiquei apenas um dia, então fiz os mais importantes. 
Prepare-se para um calor maior que o portal de inferno (Santos/SP, onde vivo) A gente saía com água congelada na mochila porque durante o dia ela vai derretendo e esquentando. É preciso se hidratar bem. 








Quem curte mitologia, como eu, vai deliciar-se em decifrar as figuras nos murais, o deus Vishnu dançando no oceano de leito, lutando com os Asuras e Devas, todos os detalhes das batalhas históricas mais importantes esculpidas lá. (ah, sim, tem peixes no oceano, como dizem os guias mirins, mas para descobir isso a gente não precisa ir até a Ásia, né?)

Esse leãozinho aí é um detalhe do palácio do rei Suryavarman II

Muito fofo.

Império Khmer (802 - 1431)

o fundador do Império Khmer foi o rei  Jayavarman II

Angkor foi construído no século XII pelo rei

Suryavarman II, era para servir como mausoléu pessoal do monarca e, como um templo para o deus hindu Vishnu.  O complexo tem a forma de uma pirâmiderepresentando a estrutura do universo: o nível mais alto no centro do templo representava o monte Meur, casa dos deuses hindus, com as cinco torres no mais alto nível representando os cinco picos da montanha. O fosso amplo em torno do complexo representado os oceanos que cercam o mundo.


Nada como incluir pessoas nas fotos para ter noção do tamanho das coisas.
Essa é a Fernanda, meia desidratada e uns 5 kilos mais magra que no café da manhã...


Essa com certeza é famosa, você em qualquer revista de turismo, e foi a árvore que mais gostei. Ver essa carinha aí dando risada para e gente mexe... dá um sentimento de "tudo passa"...


Painel na entrada do Museu de Arqueologia de Siem Riep.

Museu de Arqueologia de Siem Riep.
Eu sugiro ao turista que não queira ficar 3 semanas lendo sobre a história do império Khmer como nós fizemos, que chegue em Siem Riep a visite primeiro o museu, porque:
1 - lá dentro é  fresquinho, tem ar condicionado.
2 - As peças mais bonitas e melhor conservadas do complexo foram levadas para lá.
3 - tem filmes curtos e painéis com informações relevantes sobre Angkor em todas as línguas possíveis (bem, em algumas dezenas de línguas, e inglês, francês e espanhol fazer parte, então dá para a gente entender)
4 - Depois de ouvir e ler muita coisa, pelo menos o principal sobre o complexo de Angkor, o turista pode ir sem medo de ser feliz. E prevenir-se de ser "enrolado" pelos quengas locais.



Belo templo budista ao lado do Museu.

Outra visão do templo budista.

Caso curioso: como a condução local é o tchuc tchuc (aquelas cadeirinhas puxadas por gente, atualmente por ciclistas) a gente chamou um para nos levar ao hotel; o mocinho disparou em direção contrária, falando lá na língua deles, e levamos um susto, até consideramos a hipótese de pular do carrinho em movimento, mas estava claro e arriscamos esperar. O nosso condutor parou finalmente em uma esquina onde se pos a falar e a gesticular como um doido para outro cambojano, que enfim subiu na boléia e nos explicou:
- Ele não sabe falar inglês e não quis perder a corrida, então trouxe vocês aqui porque eu falo inglês, então eu levo vocês aonde vocês querem ir e nós dois vamos dividir o dinheiro.
Ai, pobreza!
Enfim, viemos conversando, rindo e sem chegamos sem maiores sustos ao nosso hotel, um pouco mais magrinhas depois de derreter uns 3 ou 4 kilos no passeios. Clima de sauna seca.




Demoramos um pouco para achar, em uma ruela estreita e meio suja, este local especial.
Um dos arquitetos que trabalho no trabalho de "restauração" de Angkor, depois da queda do império Khmer Vermelho (1979) construiu em seu quintal uma réplica dos principais monumentos. O pessoal local não gosta muito disso, um deles nos disse que o homem (estrangeiro)  retirou sem permissão pedras das construções originais.

Ponto alto da viagem ao Camboja - jantar com músicas e danças típicas.
O jantar em si teve muitas comidas deliciosas, frutos do mar, frutas como a pitaya, que eles chamam de fruta dragão, doces de gosto suave feito de chá verde, muita coisa diferente e deliciosa.
Esta moça dança a dança das Apsaras = dançarinas celestiais. Apresentavam-se para o rei, durante o império Khmer.



As danças tem como característica movimentos suaves e complicados de mãos.



Algumas danças contam histórias de amor, outras falam da colheita do arroz e outros temas típicos.


Tudo ao som de instrumentos de timbre suave.

Este elefante está no aeroporto, onde passei pela alfândega mais confusa e engraçada!


Havia uma longa mesa com uns doze homens em terno e gravata sentados à frente de computadores. O primeiro pegava o passaporte, passava para o segundo, que passava para o terceiro e assim por diante, e cada um falava algo e clicava no teclado à frente. Finalmente, o último homem pronunciava algo que ninguém entencia, gritava, ficava nervoso, até que um funcionário pegava o passaporte e vinha mostrando a foto para cada um que estava na fila, até alguém exclamar: "sou eu!"
Aí recomeçava a conversa doida entre o funcionário, o intérprete e a pessoa. No me caso, precisei tirar uma foto e recebi um visto provisório de visitante. A Fernanda já tinha foto e não precisou fazer nada, só sair da fila e ir direto para o hotel.

   
Eu me senti em um filme de Indiana Jones, com todos aqueles asiáticos de aspecto esquisito, que quando falam parecem estar gritando zangados, mas deve ser simplesmente o jeito normal deles falarem.








Um pouco de história


Fonte: www.canbypublications.com
Traduzi do melhor site turístico oficial do Camboja, o único inconveniente: está todo em inglês.
(e o tradutor automático já se sabe o desastre que é...você diz que comeu uma manga e ele traduz para o inglês sleeve, aí quem lê pensa que você comeu a manga...da camisa! E por aí vai...você recolhe dados e ele traduz como data, até o nome de minha amiga Jan foi traduzida como Janeiro!)

Museu Nacional de Siem Riep
A lenda revelada


Galeria dos 1000 Budas – coleção de estátuas de Budas em todo tipo de postura, material e tamanho. Como eu ainda não tinha ido a outro país budista, foi novidade.
Existem oito galerias, que o turista deve seguir em ordem cronológica, pois contam a história do império Khmer.
A sala das Apsaras – representações das dançarinas celestiais em diferentes estilos e ornamentos
As construções


Angkor significa capital, no sentido de cidade sagrada. O nome referia-se tanto à cidade quanto ao império Khmer, que ali floresceu entre os séculos IX e XII.
Em seus tempos áureos, Angkor abrigava cerca de um milhão de pessoas, e esta cultura liderou militar e economicamente a região de Laos, Vietnã, Tailândia e Camboja.
O povo khmer habitava a área desde o século I, e eram dominados pelos habitantes da ilha de Java. A região era um cruzamento comercial entre os povos do Mediterrâneo e a rota da seda (China e India). Através desse intercâmbio o hinduísmo e o budismo penetraram e foram assimilados pela população local. Haviam duas regiões distintas, o estado de Furnan que originou o Vietnã e o Camboja, e o estado de Chendla, mais ao norte. Esses dois estados rivais digladiaram-se e esfacelaram-se sob o domínio do ultimo rei de Chendla, Isanavarnan, que construiu os templos pré angkorianos de Sambor. Seu sucessor foi Jayavarnan I, que unificou os reinos esfacelados e construiu Angkor. Em uma cerimônia no monte Kylen,  Jayavarnan declarou-se rei-deus e estabeleceu sua linhagem real. A primeira capital foi Roluos, a 13 km de Siem Riep. Após a morte de Jayavarnan foi construído o templo Preah Ko em sua homenagem. Neste templo pode-se observar os ricos entalhes típicos dessa época.
Em torno da construção de Angkor há enormes reservatórios de água.
O filho de Jayavarnan I continuou a obra do pai. Seu nome era Yasovarnan I. Houve disputa de poder entre ele e seu irmão.

No apogeu do império Khmer foram construídos majestoso templos e monumentos, como:
Ta Kero
Banteay Srey
Baphion
West Baray

Os reis desse período tiveram enorme poderio militar, culminando com Suryavarnan VII, em cujo reinado foi construída a mais espetacular construção, Angkor Wat.
Houve lutas internas. Cham invadiu a cidade pelo rio. Existem relevos referentes a batalhas navais, mas há dúvidas a qual batalha está retratada em baixo relevo. Após 4 anos o legendário rei de Angkor, Suryavarnan VII, contra-atacou e recuperou o poder. Quebrando 400 anos de tradição, declarou o budismo Mahayana religião oficial. Iniciou-se o melhor e mais próspero período de Angkor. Centenas de monumentos foram construídos em apenas 40 anos, incluindo Bayon, com suas faces gigantescas. A arquitetura desse templo é artisticamente inferior ao período anterior. Posteriormente muitas imagens de Budas foram vandalizadas. Após a morte de Suryavarnan VII, em 1220, não foram acrescentados grandes monumentos.
A partir do século XIII começou a desintegração do império.
Jayavarnan VIII retornou ao hinduísmo e sob seu reinado as construções budistas foram descaracterizadas; após sua morte o budismo retornou e até hoje é a religião dominante no país.
No início do século XV a capital foi transferida para Phnom Penh. Alguns dizem que foi a aproximação dos siameses a oeste, outros estudos apontam uma mudança climática que afetou e irrigação da região. Phnom Penh ocupa uma posição privilegiada por estar em área de confluência fluvial.
Em 1860 Henri Mouhot escreveu o livro que atrairia os olhos do mundo para Angkor: Travels in Siam, Cambodia, Laos and Annam. Em 1886 começou o período colonialista francês.

Atrações imperdíveis:
Ta Prohm – onde a floresta invadiu os templos. É belo ver as raízes imensas de arvores gigantescas, enlaçadas às pedras. Em uma delas, uma famosa cabeça de estátua aparece como que estrangulada.
Angkor Wat – e seu espelho d’água.