segunda-feira, 16 de junho de 2014

França - Alpes Marítimos - 2014



Esta região da França é quente, e o estilo de vida do Mediterrâneo está por toda parte: azeites, queijos, vinhos, varandas, barcos, e o mar maravilhoso, verdinho, verdinho, um ar luminoso que é impossível captar por fotos ou pinturas.


                                              

Muito do glamour que se imagina ter por aqui é ilusão, coisas de quem assiste muito cinema. O povo é simples, o acento é italiano, e tem o que eu chamo de cultura de praia: o cidadão que vem para a praia quer relaxar, esquecer das coisas sérias, ficar no 'dolce far niente', e, no processo, esquece as regras mais simples de respeito ao próximo - as motos passam pelas calçadas, os ônibus invadem as faixas de pedestres, os pedestres se impacientam e avançam pelas ruas antes do sinal ficar verde e por aí vai.

De um modo geral, as cidades aqui foram construídas em cima de um rochedo nas priscas eras, e hoje toda cidade tem o seu castelo lá no alto, um vale lindo embaixo e uma infinidade de pequenas lojinhas encantadoras.
De modo que, se na região do Loire o modelo era cidade com castelo sobre o rio, em Provence o modelo era cidade com castelo dentro do muro, aqui o modelo é cidade com castelo lá bem no alto, tá vendo? Lá... longe...

Nice

Palácio Massena - fica bem no centro da cidade velha, na praça de mesmo nome, é muito bonito, rico, sofisticado, não fica nada a dever aos castelo do vale do Loire em termos de conservação, tetos, esculturas, quadros, cortinas e outros detalhes arquitetônicos, porém ele tem, sobre os castelos do vale do Loire, duas diferenças no interior (no exterior, é óbvio, a diferença é que não está em cima de um rio):
1 - é gratuito.
2 - um milhão de turistas a menos.

                                 


Praças - bem gostosa é a praça Garibaldi, outras da cidade velha são a praça Garnier e a Praça do Palácio. Esta da foto é a
                                          Place Massena.

                             
Promenade des anglaises - é o calçadão da praia, e por ele vamos passando por locais outrora divinizados, como o Cassino, o Hotel Negresco, o Jardin des Verdures (que serve de palco para apresentações musicais e teatrais) e é o começo da Promenade du Paillon.
                                                 


Promenade du Paillon -  é uma grande passarela que atravessa a cidade velha e vai passando por lugares bonitos. Tem um parque aquático enorme, para adultos inclusive, fontes, um espaço para feiras, e um parque infantil temático bem fofinho, onde todos os brinquesos são feitos de madeira e imitam fauna marinha.

                                    

Jardin des enfants - é na rocha, tem um mirante bonito, e árvores bem lindas, para ir lá é uma caminhada meio longa, para se fazer pela manhã ou final de tarde.

Vieux Nice - são as ruas da cidade velha, com suas ruelas estreitas, algumas com escadarias, bem ensombreadas, fresquinhas para se caminhar ao abrigo do sol, sinuosas, e por onde abundam lojinhas, sorveterias, bares, casas de doces, restaurantes etc
Era o meu local diário de caminhada, pois começava a duas quadras de meu hotel e é bem mais agradável que andar ao sol.

Port - é bem antigo, a ciade se origina do porto, que durante os séculos pertenceu a povos diversos.

Parc de la Colline du Château - da praia, pode-se ver, lá no alto, uma bela cahoeira. Para grande alívio do turista, há um elevador, do tipo automático, que abre e fecha sozinho e pára de funcionar se alguém encosta nele. Há a opção de subir por íngremes degraus de pedra, para os masoquistas e claustrófobos. Lá em cima, há as ruínas de um castelo, um sítio arqueológico metade fechado, uma bela e refrescante cahoeira, um mirante maravilhoso e um grande jardim.

Museu Arqueológico de Nice - quando cheguei aqui, estava acontecendo uma jornada arqueológica, da qual eu participei gratuitamente com outros 50 turistas tão esquisitos como eu, do tipo que troca a praia por uma discussão sobre Otávio e sua luta contra os gauleses. :)

                          

Cimiez - é um sítio arqueolígico bem longíquo, no alto de uma colina onde também fica o Museu Matisse e uma igreja. O sítio contém ruínas de uma cidade romana da época de Otávio (aquele que rejeitou a Cleópatra) com uma arena e uma terma semi conservadas. A palestra com o arqueólogo foi show, havia dois, um especialista em pedras e outro especialista em cerâmica. Aprendemos que os habitantes gauleses da colina, que habitavam o Bosque Sagrado - o local ainda está lá, em frente à igrejinha - resistiram aos romanos, e o nome da tribo não consta da lista de cidades romanas pacificadas (bem como a tribo bretã do Asterxi :)
O nome desta cidade gaulesa era Cemenelum, ou Cimiez, como se diz hoje, e eles eram diferentes do povo que vivia embaixo da colina, da cidade de Nikaia, esses, sim, pacificados. de qualquer forma, Otávio fez um pacto com a tribo, e eles permitiram a construção da cidade lá em cima, desde que os romanos não destruíssem o bosque sagrado deles.
Tierra Amata - este outro sítio fica próximo ao porto, em uma colina. É um sítio ocupado há 400 mil anos por habitantes de uma cabana à beira mar, pois na época o mar estava a 26 m acima do nível atual. Esse sítio foi descoberto em 1958 quando a terra foi escavada para a construção de um prédio. Os arqueólogos exploraram o local, e o prédio foi construído em cima do sítio, que ainda existe, e é uma parte do museu - visita-se o sítio, pode-se ver os objetos e ossos achados lá, e há salas de aulas para as crianças que visitam o local e participam de muitas oficinas com trabalhos manuais bem interessantes. Uma réplica de como seria a cabana, e maquetes de como seria a vida naquela aldeola estão lá, ao lado de gráficos geológicos muito interessantes. (para mim a para o Ross, pelo menos :)
Cripta na praça Jacques Toja - uma sala de 2 mil m2 que foi descoberta em 2002 ao se escavarem o local para a passagem do monotrilho. Trata-se de um caminho que ligava a porta Pairolière a um forte do século XIV, e que foi encoberto por ordem de Luís XIV em 1706 e ficou completamente esquecido por 3 séculos.
Ora, para que ficar torrando na praia, se há lugares tão interessantes para ver, não é mesmo?

Cinema - fui várias vezes afinal, cinema francês atual a cinco euros não é todo dia que se encontra. Aqui o cinema não se come nem se bebe no cinema, nem existe lugar para vender doces ou refrescos. A vendedora sai do seu posto, senta no sofá da sala de espera e fica conversando com o público até cinco minutos antes da sessão, quando ela vai ao guichê e começa a vender os ingressos. Quando se entra na sala, o filme começa direto, sem propaganda, filme de segurança ou trailler. O cinema é palco de lançamento de livros, também, e quem sai da sessão se vê misturado a quem veio para o lançamento, se quiser participa do coquetel e pode até comprar o livro, claro. Sinta-se em casa. 


Praia - de pedrinhas, neca de areia. Do tipo dê 3 passos oeo a água está na sua cintura. Muito difícil de andar nesta praia, pouca gente se anima a entrar, e vi umas sapatilhas de mergulho à venda em algumas lojas. O fato é que, com a maioria dos turistas, simplesmente não funciona entrar na água pois não se sabe o que fazer com a mochila (sim, tem ladrão por aqui). O que se vê de gente sozinha, inclusive a mocidade, é de preocupar - sozinhos e sem nenhum interesse de se enturmar, como se fosse muito perigoso falar com estranhos. Estou em uma classe com 15 pessoas de nacionalidade diferente, ninguém se fala, e não continuidade a quem tenta puxar assunto. E o professor insiste: bem, vocês tem de falar uns com os outros, afinal não existe outro jeito de aprender a conversar senão conversando...

Monumentos variados - Opéra, igrejas, Forum.
Museus - entre eles o Chagall e o Matisse, além do de Arte Moderna (o que tem o monumento com uma cara quadrada, do sujeito que pensa dentro da caixinha). Para os admiradores do gênero.

Comidinhas locais:
Socca - parace uma panqueca em forma de pizza, relutei em comer e acabei ficando fã. Servida quente, com cebolinhas ou azeitonas, é muito bom.
Passaladière - é uma pizza de cebola, feita à moda de uma tal de Andréia, e de pizza ao jeito da andrea acabou virando pissaladière... Meio sem gracinha.
Torte de blettes - tem a doce e a salgada. Blette é uma verdura semelhante ao espinafre.
Merde de can - um ghocci feito com a mesma blette, portanto um gnocci verde...

                                 
Festas - aqui tem festa de tudo no verão: feira de livros nas praças, festa da música no dia 21 de junho (os moradores chamam de festa da barulheira); festivais de verão com peças teatrias, músicas clássica e moderna em vários palcos.


Mônaco

A cidade é construída em torno da figura do rei Alberto I.
Tudo gira em torno da memória deste soberano.

O Museu Oceanográfico e o Aquário - onde não há nenhuma foto ou menção à equipe do Jacques Cousteau. Há alguns livros infantis sobre a equipe dele na loja do museu. Fico pensando o que aconteceu para o pessoal de Monaco nem citar o nome dele, não tem uma rua, uma praça, uma estátua, como se ele não fosse nada...

                                 

O Jardim Exótico - de cactus, bem no alto da colina. Vista aérea da cidade.

                                            
Passeio de trenzinho - parte da frente do Museu Oceanográfico e leva a gente para os principais locais:
 Cassino Monte Carlo,
a fonte Mirabeau,
o porto,
o circuito de fórmula 1 (que são as ruas da cidade e não um autódromo),
a catedral,
a igreja de Santa Devota,
o Hotel de Paris e
o Palácio do Príncipe.



Ezy


 

Um amor de cidade, cheio de artistas e artisãos, com exposições de quadros e lojas sofisticadas vendendo griffes carésimas, como as do nosso Britto (ele mesmo, orgulho nacional). De rendas a quadros, você encontra de tudo. Uma festa para os olhos!
Para quem gosta de cactus, tem o Jardim Exótico, semelhante ao de Mônaco.
O cemitério deles está em um lugar alto e encantador, e lá fomos nós cemitério adentro...
Tem também um castelo particular, fechado a visitação, acredita?

                                                 

Obs:  - de Nice saem excursões de um dia para Ezy e Mônaco de uma só vez; fica meio corrido, eu gostei mais de fazer uma cidade por dia.
O inconveniente é que o trem para Mônaco e o ônibus para Ezy saem e voltam lotados. Imagino como deve ser no auge do verão...

Um comentário:

S.Piqueri disse...

Caso eu vá à França, não deixarei de visitar Vieux Nice... adoro locais onde a gente pode se esprair um pouquinho tomando sorvetes, fazendo comprinhas...