Em 1987
Curtimos
um sol legal em Vitória, neste verão.
Fomos de
avião e ficamos em um hotel chamado Porto do Sol, na praia de Camburi.
Coisas
divertidas aconteceram nesta viagem.
No
avião, Tatiana, muito engraçada, dizia:
-Mãe, eu
quero um pouquinho daquele algodão doce lá fora.
-São
nuvens, querida.
-Mamãe,
quero comer nuvem.
Depois a
minha caçulinha disse:
- Pensei
que o avião batia asas como uma borboleta.
Pode?
Tomamos sol.
Bebemos muita água de coco. A gente mora no litoral, mas a água de coco que a
gente bebe como turista na praia dos outros é mais saborosa, não sei porquê.
Comemos
moqueca, um ensopado da terra, que o pessoal cozinha em pesadas panelas de
pedra. É claro que a minha mãe teve de comprar uma das tais panelas.
Nós paramos em
frente ao elevador do hotel, logo na chegada, conversando, conversando,
conversando, minha mãe fazendo as perguntas que queria para o empregado do
hotel que fica montando guarda em frente ao elevador para os hóspedes não
fugirem sem pagar a conta, e nada do elevador chegar.
Eu digo ao
funcionário do hotel:
-O elevador é
sempre demorado?
-Não, senhora,
o elevador é bem rápido.
-Porque hoje
está demorando a descer?
-Porque a
senhora precisa apertar o botão aí no painel.
Pois não é que
ninguém tinha chamado o elevador? Fiquei vermelha, as meninas sufocaram de
tanto rir...
Domingo fomos
jantar fora, e não sabíamos que haveria uma tal de ‘noite árabe’ no hotel. Eu
adoro comida árabe. Bem, quando chegamos o maître perguntou:
-Vão jantar?
Minha mãe
disse que já havíamos jantado, mas que íamos comer a sobremesa. Vai daí eu e Fernanda
fomos ao salão e não resistimos. Voltamos com dois enormes pratos com quibes,
esfirras, homus, pão sírio, charutinhos, comemos e comemos e depois retornamos
com dois outros pratos imensos cheios de pastéis de amêndoas, doces de
gengibre, de macarrão, de nozes e balas de goma.
O maître ficou
observando e eu não resisti:
-Comemos pouco
porque já havíamos jantado...
Mamáe
disse que nós exageramos. Mas estava tão bom...
Não devo
esquecer as coisas importantes, ainda não falei das areias monazíticas da praia
de Guarapari. Uma areia escura, radioativa, que dizem fazer bem para quem tem
reumatismo.
Poderia
começar o relato desta viagem assim:
‘Palavras
derivadas do tupi: capixaba, o que lida com a terra; guarapari, armadilha para
guará. Para quem não sabe, eu não sabia, guará é um passarinho lá daquele
local.’
Ora,
quem se liga nestas gramatiquices!
Quando
atravessamos para Vila Velha, em um ferryboat, Tatiana começou a chorar, eu não
estava entendendo, e a Fernanda me contou que, um dia, indo ao Guarujá com a
tia Sandra, a Tatiana havia enjoado na balsa.
Vimos
uma enorme aranha caranguejeira em Vila Velha , quando subíamos para o Convento da
Penha, e, é claro, paramos respeitosamente para a importante senhora atravessar
bem sossegada.
E o
melhor da viagem foi conhecer a fábrica de chocolates Garoto e é claro que nos
entupimos de chocolate.
Valeu!
E quando
voltamos ao hotel, a noite começou a cair, e, distraídas olhando a paisagem, me
surpreendi com a pergunta da Tati:
Mãe, quando a gente vai descer?
Quando chegarmos ao hotel.
E quando o motorista vai parar o ônibus?
Mãe, quando a gente vai descer?
Quando chegarmos ao hotel.
E quando o motorista vai parar o ônibus?
- Quando a gente puxar a corda e
der o sinal pra descer.
- E porque você não puxa a corda?
- Porque inda não chegamos ao hotel, querida.
- O nosso hotel não é aquele ali?
- E porque você não puxa a corda?
- Porque inda não chegamos ao hotel, querida.
- O nosso hotel não é aquele ali?
E eu mais que depressa, puxando a
corda e gritando:
Para, por favor, motorista! - pois,
distraída, ia perdendo o ponto....
Tatiana, apaixonada por água, não
podia deixar de aprontar uma das suas. Eu a coloco na banheira cheia de água
para tomar seu banho de imersão, ela abre de novo a torneira quando eu saio,
fica brincando e quando me dou conta, corre água como uma cachoeira pelo
carpete do quarto... e para explicar para a faxineira que a torneira ficou
esquecida aberta...
Ao sair do hotel, rumo ao
aeroporto, carregada com duas caixas de sapatos pesadas, em o rapaz do hotel me
ajudar e eu aviso:
- Cuidado, é frágil
O rapaz, curioso, quis saber o que havia dentro das caixas e quase se estatela de rir com minha resposta:
- Conchinhas.
Ele deve ter pensado: Turistas!
- Cuidado, é frágil
O rapaz, curioso, quis saber o que havia dentro das caixas e quase se estatela de rir com minha resposta:
- Conchinhas.
Ele deve ter pensado: Turistas!
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