sexta-feira, 5 de julho de 2013

Férias deliciosas no Espírito Santo




Em 1987

Curtimos um sol legal em Vitória, neste verão.
Fomos de avião e ficamos em um hotel chamado Porto do Sol, na praia de Camburi.
Coisas divertidas aconteceram nesta viagem.
No avião, Tatiana, muito engraçada, dizia:
-Mãe, eu quero um pouquinho daquele algodão doce lá fora.
-São nuvens, querida.
-Mamãe, quero comer nuvem.


Depois a minha caçulinha disse:
- Pensei que o avião batia asas como uma borboleta.
Pode?


Tomamos sol. Bebemos muita água de coco. A gente mora no litoral, mas a água de coco que a gente bebe como turista na praia dos outros é mais saborosa, não sei porquê.
Comemos moqueca, um ensopado da terra, que o pessoal cozinha em pesadas panelas de pedra. É claro que a minha mãe teve de comprar uma das tais panelas.
Nós paramos em frente ao elevador do hotel, logo na chegada, conversando, conversando, conversando, minha mãe fazendo as perguntas que queria para o empregado do hotel que fica montando guarda em frente ao elevador para os hóspedes não fugirem sem pagar a conta, e nada do elevador chegar.
Eu digo ao funcionário do hotel:
-O elevador é sempre demorado?
-Não, senhora, o elevador é bem rápido.
-Porque hoje está demorando a descer?
-Porque a senhora precisa apertar o botão aí no painel.
Pois não é que ninguém tinha chamado o elevador? Fiquei vermelha, as meninas sufocaram de tanto rir...
Domingo fomos jantar fora, e não sabíamos que haveria uma tal de ‘noite árabe’ no hotel. Eu adoro comida árabe. Bem, quando chegamos o maître perguntou:
-Vão jantar?
Minha mãe disse que já havíamos jantado, mas que íamos comer a sobremesa. Vai daí eu e Fernanda fomos ao salão e não resistimos. Voltamos com dois enormes pratos com quibes, esfirras, homus, pão sírio, charutinhos, comemos e comemos e depois retornamos com dois outros pratos imensos cheios de pastéis de amêndoas, doces de gengibre, de macarrão, de nozes e balas de goma.
O maître ficou observando e eu não resisti:
-Comemos pouco porque já havíamos jantado...




Mamáe disse que nós exageramos. Mas estava tão bom...
Não devo esquecer as coisas importantes, ainda não falei das areias monazíticas da praia de Guarapari. Uma areia escura, radioativa, que dizem fazer bem para quem tem reumatismo.
Poderia começar o relato desta viagem assim:
‘Palavras derivadas do tupi: capixaba, o que lida com a terra; guarapari, armadilha para guará. Para quem não sabe, eu não sabia, guará é um passarinho lá daquele local.’



Ora, quem se liga nestas gramatiquices!

Quando atravessamos para Vila Velha, em um ferryboat, Tatiana começou a chorar, eu não estava entendendo, e a Fernanda me contou que, um dia, indo ao Guarujá com a tia Sandra, a Tatiana havia enjoado na balsa.
Vimos uma enorme aranha caranguejeira em Vila Velha, quando subíamos para o Convento da Penha, e, é claro, paramos respeitosamente para a importante senhora atravessar bem sossegada.
E o melhor da viagem foi conhecer a fábrica de chocolates Garoto e é claro que nos entupimos de chocolate.
Valeu!

E quando voltamos ao hotel, a noite começou a cair, e, distraídas olhando a paisagem, me surpreendi com a pergunta da Tati:
Mãe, quando a gente vai descer?
Quando chegarmos ao hotel.
E quando o motorista vai parar o ônibus?

- Quando a gente puxar a corda e der o sinal pra descer.
- E porque você não puxa a corda?
- Porque inda não chegamos ao hotel, querida.
- O nosso hotel não é aquele ali?

E eu mais que depressa, puxando a corda e gritando:
Para, por favor, motorista! - pois, distraída, ia perdendo o ponto....

Tatiana, apaixonada por água, não podia deixar de aprontar uma das suas. Eu a coloco na banheira cheia de água para tomar seu banho de imersão, ela abre de novo a torneira quando eu saio, fica brincando e quando me dou conta, corre água como uma cachoeira pelo carpete do quarto... e para explicar para a faxineira que a torneira ficou esquecida aberta...


Ao sair do hotel, rumo ao aeroporto, carregada com duas caixas de sapatos pesadas, em o rapaz do hotel me ajudar e eu aviso:
- Cuidado, é frágil
O rapaz, curioso, quis saber o que havia dentro das caixas e quase se estatela de rir com minha resposta:
- Conchinhas.
Ele deve ter pensado: Turistas!

               


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