Esta viagem só aconteceu porque
eu errei o caminho.
Nós íamos passar uns dias em Termópolis, um hotel fazenda perto de Bebedouro, mas
a bifurcação da estrada nunca que chegava, e, quando me dei conta, já estávamos
em Minas Gerais ,
aí eu resolvi esticar até Sete Lagoas, uma cidade mineira bem legal pra trilhas
e caminhadas, e, na volta, passeamos no zoológico de BH e circulamos pelas
grutas ao redor.
No zoo aconteceu uma coisa engraçada. Minha mãe
perguntou baixinho em meu ouvido em que língua
estavam conversando dois rapazes ao lado, e eu:
Como assim? Em português.
Ela insistiu:
Não é não.
E eu:
Claro que é em português! Pois se eu estou entendendo...
E ela:
Mas eu não estou!
Aí me toquei, prestei atenção e vi que eram franceses, mas como o francês é
minha língua do coração...
Vi também no zoo uma cena que observei por longos minutos, com o interesse de
um biólogo: um macaquinho pegou um passarinho morto e ficou girando o bichinho
nas mãos por longo tempo, e depois, foi desmembrando, pedacinho por pedacinho,
olhando, curioso, como se estivesse a se perguntar: o que é isto, e cheirava,
analisva, pesava nas mãos, olhava contra a luz...como um verdadeiro
cientista...
Bem, a primeira gruta que visitamos em nosso circuito
foi a do Rei do Mato.
Diz a lenda que um homem
louro, fugitivo, se escondeu na gruta e ficou morando por ali. Ficou conhecido
como Rei do Mato e daí veio o nome da gruta, que só foi aberta para visitantes
muito mais tarde, depois que os técnicos do governo colocaram passarelas,
escadas de concreto e iluminação lá dentro.
Esta gruta fica perto de
Belo Horizonte e é diferente das outras por ser muito grande messsssmo, com
abismos profundos, salões imensos. Não seria possível percorrê-la sem as pontes
em alguns locais, e as grades de proteção são realmente necessárias. Imagine que
um de seus salões tem vinte metros de altura! E há um abismo sobre um lago
subterrâneo! Seus belos cristais de calcita chegam a ter trinta centímetros de
diâmetro.
O conjunto de formações dentro de uma caverna recebe
o nome de Espeleotemas. Neste salão encontramos diversas formações, dentre elas
uma estalagmite, (cresce de baixo para cima) denominada "Torre de
Pisa"e varias estalactites, (crescem de cima para baixo). Do encontro
dessas duas formações resultam as colunas.
Esta formação e causada pela calcita e água que
escorre do teto. A calcita é o componente do calcário – basicamente o carbonato
de cálcio.
Lago suspenso ou lago dos desejos, que enche em
período de chuvas abundantes e onde os visitantes costumam jogar moedas, de
costa, e fazerem pedidos.
COLUNAS GEMEAS
Neste salão encontram-se formações raríssimas, como
as duas colunas de 13 a
15 metros
de altura e 30 cm
de diâmetro. Essas mesmas formações só são encontradas na Espanha, na Gruta de
Altamira.
PINTURA RUPESTRE
No interior da grutinha
encontram-se pinturas rupestres que datam de 4.000 a 6.000 anos, feitas
de sangue animal e gordura vegetal.
Visitamos também Lapinha e Maquiné, outras grutas que
também ficam em Minas
Gerais.
Uma visita à Lapinha é também um passeio pela
história de um dinamarquês que é conhecido como o pai da paleontologia no
Brasil:Peter Wilhelm Lund (1801-1880). Dentro da gruta não foram encontrados
fósseis mas na sua área de abrangência foi descoberto o primeiro fóssil humano
que viveu na região há 12 mil anos
Maquiné
Tivemos sorte de visitar Maquiné sem guia e sem a
presença de outras pessoas porque pudemos experimentar sentar em silêncio por
alguns minutos debaixo da terra. Que sensação! Ouvi meu próprio coração, o ar
entrando em meus pulmões. O silêncio chegava a doer em minhas orelhas. Nem um
bebezinho na barriga da mãe se sente assim, pois o bebezinho ouve o coração da
mãe e a gente debaixo da terra não ouve é nada. Para não sentir a solidão abri
os olhos e olhei para a minha família, sentindo-me segura e protegida ali
dentro.
Ah, que aventura! Foi muito bom!
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