segunda-feira, 12 de maio de 2014

Viagens literárias - Emily Carr

Emily Carr se descrevia como ‘uma velha mulher à beira do nada’. O contexto em que ela disse isso foi irônico; ela brincou com a Galeria Nacional do Canadá ao dizer: ‘Se o trabalho de uma velha mulhar que vive isolada à beira do nada é moderno demais para a Galeria Nacional do Canadá, então essa instituição não me parece muito progressista’.
O que ela realmente quis dizer com ‘isolada’ referia-se à situação geográfica e aos problemas de saúde que ela apresentava. Ela superou essas circunstâncias adversas  ao dedicar-se a algo maior que ela: a arte. Além disso ela era uma mulher de primorosa educação, muito viajada e bem conectada com figuras culturais que apoiaram o seu talento.
Seu colecionador Harold Mortimer Lamb disse: ‘é uma vergonha pensar que você se deixe ficar em um canto do mundo desconhecido e apagado’. Ela respondeu: ‘É exatamente aqui onde quero estar; é minha terra; o que eu quero expressar está aqui e eu amo isso.’
Sua profunda conexão espiritual com a natureza e as primeiras nações que viveram na ilha de Vanvouver revela-se em suas pinturas e em suas palavras. Ela permanece uma figura influente no Canada, no Canadá, reconhecida como uma pioneira do modernismo. Foi artista, escritora, mentora de jovens artistas. Era uma visionária, que enxergou além do cenário tedioso da Victoria de seu tempo.

Nasceu em Victoria em 1871.
Orfa aos 16 anos, foi criada pela irmã mais velha.
Estudou arte em São Francisco, Inglaterra e França.
Em seus primeiros trabalhos já se revela sua admiração pela natureza e pela luminosidade. Procurou por novas estéticas e desafios iconográficos. Entre 1899 e 1933 visitou vilarejos remotos ao sul de Vancouver e foi ao Alasca. Impressionada pelo que viu, começou a pintar os temas nativos, inclusive totens.
Em 1911, em França, seu professor Harry Gibb a convenceu de que a Art Noveau iria ajudar seu trabalho e mostrou-lhe suas possibilidades; seguindo os estudos dos pintores europeus pós impressionistas, Carr revelou uma liberdade no uso das cores, linha, uso do espaço, que a permitiu retornar aos temas das primeiras nações com elementos adotados por Fauve e pelos cubistas. (ex: Bie Eagle, 1929)

Carr apresentou seus trabalhos em Vancouver, exibindo as telas que trabalhara na França. A reação do público foi o riso: ‘isso é algum tipo de brincadeira? Criancinhas pintam assim!’
Para sobreviver, em tempos de dificuldade econômica, ela se dedicou a tecer tapetes, tricotar, fazer cerâmica, que vendia aos turistas, e relatou esse tempo no livro: The House of All Sorts.
(a casa da faz tudo)
Em 1927 ela tornou a apresentar seu trabalho ao diretor da Galeria Nacional do Canadá, Eric Brown, e o etnologista Marius Barbeau a convidou a exibir seus temas das primeiras nações em Ottawa na exposição Arte do oeste. Nessa ocasião ela conheceu muitos outros artistas canadenses incuindo o famoso Grupo dos Sete.

O grupo era composto por:

influências:
Lawren Harris, canadense, cuja pintura a arrebatava, e que, com sua crítica e apoio a incentivou a desenvolver um repertório pessoal referente a sua experiência pessoal na costa oeste: montanhas, floresta subtropical, oceanos; e a expressar sua espiritualidade em conexão com a natureza, sua pintura criou a mais progressiva arte em seu tempo em Britsch Columbia.

Mark Tobey, americano, pintor abstrato influenciado por temas religiosos e filosóficos, que ela conheceu em 1928, e que a encorajou a aventurar-se além dos totens.

Ela amava animais e teve muitos cães, gatos, pássaros e um macaco chamado Woo.



(eu ao lado da estátua de Emily com seu macaco Woo)

Na última década de sua vida Emily pintou como nenhum outro artista em seu tempo: ‘pinto minha visão de mundo, sem pensar na opinião de ninguém, tentando expressar minhas próprias reações.’
‘Todos os dias eu penetro mais fundo nas matas e comungo com as coisas. Oh, Espírito, quero sair de mim,  sentir- Te e inspirar-me.’.... ‘parece-me que a pintura valoriza o movimento no espaço. Pinturas tem servido como decoração, obedecido a regras de desenho, mas também há espaço para mais; a idéia deve correr pela tela, a história deve arrastar e exigir expressão, a história que Deus pensou em sua criação. O papel pictórico do objeto é o relacionamento dos objetos entre si em uma sinfonia de movimentos, em um fluir constante, carregando o observador consigo, céu, oceano, árvores afetando uns aos outros.’
Emily nunca foi complacente consigo mesma. Ela disse, aos 65 anos: ‘este ano fui longe, desviei-me um pouco, vejo coisas um pouco mais como totalidade, sempre observo temerosa de parecer fraca e ultrapassada, não quero desistir, vou derramar-me nas telas até a palheta estar vazia, a ultima pincelada emanando em cascatas, não em gotas.’
Como artista madura, tinha muitos alunos, a quem inspirou e que lhe renovavam as energias.
Eventualmente, publicou livros, e, aos 70 anos, ganhou um prêmio do governo por seu livro Klee Wyck, sobre suas viagens pelas comunidades indígenas.
Faleceu em 1945.
Durante muitos anos ela defendeu a idéia de uma galeria de arte moderna em Victoria, finalmente fundada poucos anos após sua morte.

Algumas pinturas dela, fonte: o livro In the Edge of Nowhere, 2a edição

 (Spring
The art gallery of greater Victoria - 1936)


 (Trees
The art gallery of greater Victoria - 1932)

 (The dancing tree
 The art gallery of greater Victoria -  1932)




interior de seu estúdio
Photo of Ken McAllister
1945



(Painted by Carr on ceiling of her studio at Hill House (of all sorts)
Photograph by Michael Breuer 1982)

 (
The big eagle
The art gallery of greater Victoria - 1929
it is a fine example of Carr Cubist approach of breaking up the picture plane with geometric forms.)







(cerâmicas feitas e pintadas com motivos indígenas)



1930
The back of the house of all sorts
(Nome de um livro que ela escreveu sobre o periodo em que viveu de seu artesanato)
The art gallery of greater Victoria





1873
Unknown photographer
Royal BC Museum


1936
Photo of Harold Mortimer Lamb

The art gallery of greater Victoria



esboço
The art gallery of greater Victoria
1911